**ATENÇÃO!: Esse post se divide excepcionalmente em 2 partes. Essa é a parte 02. Volte logo abaixo e leia a parte 01 se tiver curiosidade... ou faça como você quiser. Você não é adulto e independente? Só não diga que eu não avisei!
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- Se você conseguiu ler esse post até aqui, deve se lembrar que no último capítulo, nosso herói entrou em choque ao descobrir que ele possuía uma versão de si mesmo nos anos 80 e, como se essa bizarra descoberta não fosse suficiente, ele resolve se lembrar de mais uma das suas bizarras aventuras adolescentes. Eu sinceramente não sei como vocês aguentam esse Blog.. Mas, gosto e gosto. Voltemos agora à continuação de nossa eletrizante (zzzzzzzzz) aventura...
- Se você conseguiu ler esse post até aqui, deve se lembrar que no último capítulo, nosso herói entrou em choque ao descobrir que ele possuía uma versão de si mesmo nos anos 80 e, como se essa bizarra descoberta não fosse suficiente, ele resolve se lembrar de mais uma das suas bizarras aventuras adolescentes. Eu sinceramente não sei como vocês aguentam esse Blog.. Mas, gosto e gosto. Voltemos agora à continuação de nossa eletrizante (zzzzzzzzz) aventura...
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Quando o ônibus abriu a porta, subimos decididos e irritados com a teimosia um do outro. Para nossa sorte, o ônibus estava vazio. O cobrador estranhou, mas não comentou nada, o sorriso no rosto dele enquanto buscava o troco me fez pensar que talvez eu devesse ter voltado e trocado de roupa, mas pensei que na boate ninguém perceberia.
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Convictos do nosso destino, sentamos, um do lado do outro, constrangidos e sem nada falar pelo resto da viagem. Pelo menos era esse o nosso plano.
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No caminho, entre o barulho do motor e do balanço do ônibus, eu divagava perdido em pensamentos olhando o horizonte pela janela que trepidava. Foi quando percebi que, ao longe, uma longa e assustadora nuvem de poeira marrom se levantava do chão vermelho.
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Por um momento, pensei que se tratava de mais um redemoinho de vento, tão comum na época da seca. Mas era diferente. Ela não se movia e, quanto mais avançavamos, mais a nuvem se aproximava, até que, ao pararmos em um determinado ponto de ônibus descobrimos, atônitos, que a nuvem não era um fenômeno da natureza e sim, um punhado de garotos, alguns anos mais velhos que nós, que se empurravam e estapeavam atrás da parada de ônibus.
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Não, garotos não os definem, eram, para ser mais exato, um bando de Punks mal encarados, com cabelos moicanos, jaquetas jeans e botas sujas. Graças a filmes como "Selvagens da noite" (The Warriors, 1979), eram, para nós, a mais pura personificação do terror.
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Da janela eu rezava: - "Deus, não deixem que eles entrem no ônibus, não nesse". Em seguida lá estavam eles fazendo o sinal para que o ônibus parasse. Entraram os quatro, se empurrando, se debatendo e rindo. Não cruzamos olhares. Um fio de suor desceu dos meus cabelos com Gel. Eles faziam barulho e falavam palavrões.
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Ao cruzar a roleta, eles se cutucaram. Pela visão periférica ví que eles nos notaram. Talvez porque nos nós vestíamos iguais como se fossemos o Milly Vanilly (uma famosa dupla musical do final dos anos 80/90) ou, não sei, fosse pelo fato de estarmos sozinhos no ônibus, talvez? De qualquer forma, assim que nos viram, acabaram com a balbúrdia. Tremi.
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Calmos e organizados eles passaram por nós nos encarando, como se fossemos animais exóticos do zoologico. Sentaram-se no fundo do ônibus. Eu podia ouvir leves cochichos e risadas. Não tinha coragem de olhar para trás. Senti que se aproximavam. Sentaram-se nos bancos atrás dos nossos. Olhei para meu amigo do lado sem virar o rosto. Ele estava petrificado. Meu estômago embrulhou.
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De repente, entre eu e meu amigo, percebi um vulto. Era a cabeça de um dos punks que surgia nos encarando. Mais uma vez, fingi que nada tinha visto. Ele volta. O som dos nossos batimentos cardíacos só não podiam ser ouvidos por causa do barulho do motor do ônibus.
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De repente, atrás de mim, um grito quase ensurdecedor me faz bater a cabeça no teto só pelo susto: - "CHEIRO DE BURGUÊESS!!". Quando voltei ao meu assento, cerca de três minutos depois de ter orbitado de medo, olhei para o meu amigo. Ele parecia um gato quando encontra um cachorro (ou melhor, um rato quando encontra um gato?). Estava de cabelo em pé! O terror foi tanto que o gel evaporou!
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E mais uma vez, outro grito: - "CAPITALISMO SELVAGEMMMM!!" e outro: "PLAYMOBILL CAPITALISTAAAAAAA!!", esse último tão alto e tão sonoro que senti romper alguma coisa nos meus ouvidos. Mas eu continuava impassível. Firme, sangrando pelos ouvidos, mas firme!
Eles continuaram gritando e rindo, por boa parte da viagem. Eu não conseguiria reproduzir aqui o que foi dito porque a partir daquele momento a única coisa que eu conseguia ouvir era o constante zumbido agudo que vinha dos meus tímpanos. Mas fico feliz em saber que nos fizemos a tarde daqueles rapazes tão feliz.. (espero que tenham sido atropelados logo após descer do ônibus!).
Eles continuaram gritando e rindo, por boa parte da viagem. Eu não conseguiria reproduzir aqui o que foi dito porque a partir daquele momento a única coisa que eu conseguia ouvir era o constante zumbido agudo que vinha dos meus tímpanos. Mas fico feliz em saber que nos fizemos a tarde daqueles rapazes tão feliz.. (espero que tenham sido atropelados logo após descer do ônibus!).
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De qualquer forma, assim que entramos na Asa sul, descemos. Não era nosso ponto, mas quem estava contando? Ao pisar no solo e ver o ônibus seguir viagem, fomos tomados por uma grande dosagem de testosterona, o que nos fez chama-los para uma briga justa em solo firme. Infelizmente eles não viram porque o ônibus já se encontrava há mais de 500 metros de nós. Decidimos que era melhor seguirmos viagem. Só para evitar a possibilidade de algum deles ter visto nossos brados de fúria e decidissem voltar.
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Então, é justamente por isso que eu imploro, reunamos todos os registros visuais, fotos e vídeos referentes aos anos 80. Vamos nos reunir em volta de uma grande, uma imensa fogueira para queimarmos tudo, dançamos, bebemos e fingimos, no dia seguinte, que essa década nunca aconteceu.
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Ps - Os registros sonoros eu deixo passar, afinal, foi um dos períodos mais importantes e criativos da musica que hoje conhecemos.