segunda-feira, 26 de maio de 2008

Filmes de Terror - Parte 02

Não preciso dizer para você ler a parte 01 primeiro, preciso?
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Bem, continuando nossa grande, grande aventura pelo universo dos filmes mais assustadores que eu já ví, chegamos aquela que se tornou presença constante em muitos dos meus sonhos. Na época em que eu a conheci, ela era bem mais nova e eu tive medo daquele sentimento que ela despertava em mim. Ela sempre me deixou paralisado. Não conseguia parar de pensar nela toda vez que eu ia pra cama. Minha companheira de muitas noites em claro. E se eu sonhasse com ela, sei que acordaria de sobressalto e o seu nome era a primeira coisa que eu dizia.. SAMARA! OH, SAMARA!
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Se você ainda não sabe do que eu estou falando, dê uma chance para o aterrorizante "O CHAMADO" (THE RING) de 2002, remake americano do original japonês de 1998, Ringu. Para se ter idéia do que eu estou falando, eu nunca pensei que ia algum dia ter medo de uma fita de vídeo até assistir esse filme. É verdade! Graças a Deus hoje só tenho DVDs.
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No filme, Rachel Keller (A maravilhosa Naomi Wats – Eu amo-a!) é uma jornalista que investiga as estranhas mortes de adolescentes (incluindo sua sobrinha), que foram provocadas por uma fita de vídeo. Sete dias depois de assistir a fita maldita, a pessoa invariavelmente sofre uma morte horrível. Na busca por respostas, Rachel tem acesso a fita e agora ela luta contra o relógio para salvar tanto a sua vida quanto da sua família.
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O filme é do mal!! DU MAL! Pelo menos foi isso que pensei quando ví da primeira vez. Lembro que depois de assisti-lo no cinema, cheguei em casa sozinho e constrangedoramente nervoso (eu sou um adulto pô! Com medo de filminho de terror? Não mesmo!!). Abri a porta lentamente. Ela rangeu e os pêlos da minha nuca se arrepiaram. Ignorei e coloquei a cabeça para dentro. Nada flutuava na casa e nenhum espectro sinistro. Parecia tudo em ordem. Entrei e tranquei a porta atrás de mim. Olhei para a TV e ela continuava desligada. Fui acendendo as luzes enquanto passava. Cada passo cuidadoso e calculado. Foi quando eu passava pelo meio da sala que eu ouvi um som que me fez congelar. Meus instintos me diziam para voltar. Meus pés também. Eu parei e procurei identificar o som. Não era alto. Era uma voz? Não, eram vozes. Graves, melancólicas e ritmadas. Parecia algum tipo de coral. Um tipo de canto embalado num ritmo que seguia uma cadência própria.
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Cantavam tão baixinho que eu não conseguia distinguir se os sons eram realmente um canto ou um lamento... Mas de onde vinha aquela... Espere! O som vem do apartamento ao lado do meu. Mas eram quase duas da manhã... o que poderia ser?
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Na minha cabeça, vieram simultaneamente as imagens dos rituais que apareciam em filmes como "Indiana Jones e o Templo da Perdição" + "Conan, o Bárbaro" + A trilha de "O EXORCISTA" + "Carmina Burana". Sim, parecia Carmina Burana mais tristes e com menos vozes. Eu quase conseguia ver a imagem de danças macabras, tochas e sacrificios humanos acontecendo no apartamento ao lado às duas da manhã. Corri para o quarto e consegui a proeza de, num único salto, empurrar a porta e cair na cama com já com as cobertas cobrindo a minha cabeça. O meu único movimento para fora do meu braço para buscar um terço no criado mudo.
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Na manhã seguinte, acordo péssimo e desço até a portaria. Pergunto ao zelador quem eram os meus vizinhos (Quem mora em apartamento necessariamente não conhece os vizinhos) e comento que eu tinha ouvido um tipo de ritual a noite toda. Ah, são os japoneses, ele respondeu: Acho que o que você ouviu foi a "reza" deles. Me senti um idiota. Eles eram budistas... Valeu SAMARA, OH-SAMARA!
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Como vocês puderam ver, acho que medo mesmo eu não tenho, mas me causa um certo incômodo filmes que envolvem espíritos e demônios. Acho que porque a morte é ainda uma coisa meio mal resolvida para mim (talvez porque eu nunca tenha morrido). É um dilema. Ao mesmo tempo que a possibilidade da existência de espíritos me tranqüilize pelo fato disso significar que existe uma vida pos-morte, pelamordedeus, quem vai querer ver a prova? (A propósito, o que faz um espírito além de gemer de noite? BRRRRRRR... Pensando bem, eu não quero saber...).
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De qualquer forma, não é necessário o filme ter elementos espirituais para provocar incômodo. Prova disso é o excelente, THE DESCENT (O Abismo do medo) de Neil Marshal. Não procure informações sobre o filme além dessas que eu estou divulgando. Existem muitas resenhas oficiais que revelam informações que deveriam ser a surpresa do filme. Sendo assim, quanto menos você souber melhor. Assim você pode viver a mesma experiência que eu quando assisti o filme pela primeira vez.
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No filme, para tentar animar uma amiga que se encontra em recuperação após um trágico acidente, 06 amigas se reúnem para realizar uma exploração em uma caverna nas montanhas remotas dos Apalaches. É claro que a partir do momento que elas entram nas cavernas, alguma coisa vai dar errada e elas se vêem presas e na busca de uma saída alternativa. O filme trabalha com duas vertentes interessantes, primeiro, explora a "brodagem" feminina (similar ao the Thing, já comentado aqui no post sobre filmes de ficção). Por outro lado explora com perfeição o ambiente claustrofóbico das cavernas, com direito a muitas cenas escuras e iluminação feita somente por tochas e lanternas, o que por sí só já seria suficiente para te deixar desconfortável. Diante desse cenário, o clima de pânico e paranóia começa a se espalhar entre as amigas, aflorando velhas feridas e criando uma atmosfera de desconfiança que se torna extremamente perigosa quando a vida de uma está ligada a outra. O diretor brinca com quem assiste, apresentando ruídos e imagens que, tanto você, quanto os personagens, não tem certeza se o que o foi visto naquele momento era real ou imaginário até o clímax do filme.
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O melhor do filme é que ele se leva a sério. Não existe nenhum momento de relaxamento. Tenso do começo ao fim sem descanso para quem assiste. E esqueçam, depois desse filme vocês nunca vão me ver entrar numa caverna. O clima de tensão é tão forte que eu comecei assistir o filme deitado, e terminei sozinho em pé com as mãos cruzadas segurando o meu estômago para ter certeza de que ele não fugiria sem mim. Alguns dos sustos que eu tomei foram tão bem colocados que tive algumas paradas cardíacas (por sorte, sempre tenho um desfibrilador por perto nessas horas). Em compensação, depois da terceira vez que assisti, decorei os sustos, ai mostrava para todo mundo, só para na hora do susto poder medir quantos metros a pessoa pulava (essa era a parte mais divertida, eu rolava de rir!)
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Mas nem só de terror psicológico vive o fã de terror (Lembrando que a diferença entre Terror padrão e o Terror psicológico é que no horror padrão o medo é derivado de um sentimento de nojo e repulsa ao sangue, violência e imagens fortes, enquanto que no terror psicológico, o medo é gerado a partir da vulnerabilidade da mente humana a alguma situação ou sensação desconfortável psicologicamente).
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Eu não poderia terminar esse post sem render uma justa homenagem ao meu gênero de filme preferido, os filmes de Zumbis. Sim, zumbis ou mortos vivos são o tipo de filme que, ao meu ver melhor incorporam as duas vertentes do terror pelo a repulsa visual causada pelos zumbis somado ao terror psicológico ).
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Robert Kirkman, escritor da aclamada série em quadrinhos, Walking Dead (Publicada no Brasil com o nome de "Os mortos-Vivos") disse uma vez que esse gênero de filmes deveriam ser os grandes indicados ao Oscar. Eu concordo totalmente! Afinal, mais do que horror, os bons filmes de zumbis tratam, acima de tudo, da natureza humana e da luta pela sobrevivência quando todos os conceitos e regras de condutas da nossa sociedade caem por terra. O que fazer quando não existe mais lei? Em quem confiar sua vida a partir de agora? Você arriscaria sua vida para salvar uma outra? A pessoa que você ama é realmente a mais confiável?
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Enquanto essas questões são amplamente exploradas, os zumbis surgem como uma metáfora para representar o fim dos tempos. Uma ameaça que não pode ser controlada. Ao contrário do que se poderia imaginar nesse tipo de filme, é o elemento humano o principal foco de atenção do filme, e não a horda incansável de zumbi, que, de fato, poderiam ser facilmente substituídos por uma invasão alienígenas, um vírus mortal contagioso ou até mesmo por Poodles assassinos mutantes (que não teriam a mesma graça ou trariam o mesmo elemento de terror – exceto os Poodles mutantes – Brrrrr!!).
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Eu lembro que fui assistir com mais dois amigos "Madrugada dos Mortos" (Dawn of the dead, 2004), sim, porque filme de Zumbi é coisa de macho. 101 minutos depois de muitos sustos, gritos, explosões e sangue saiamos os três do cinema. Ainda injetados de adrenalina eu comentava com um dos meus amigos os melhores momentos do filme, as cenas mais chocantes e as mais assustadoras. O nosso terceiro amigo continuava calado. Quando eu perguntei o que ele achou do filme a reação foi de que eu tivesse acionado o gatilho. Surtou! Gesticulando e falando alto ele urrava seu ódio ao filme demonstrando o quanto aquelas os zumbis feriram o seu coraçãozinho. Eu quase podia ver as lágrima rolando pelo seu rosto. Se eu gritasse: "Atrás de você! ZUMBI!" Ele correria histericamente e correria balançando os seus curtos bracinhos de volta para o carro.
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Mas eu vou defende-lo aqui. O cara é bacana. Só é sensível. Seu cérebro, cheio de filmes iranianos, cursos de vinho e Chico Buarque fariam com que ele, no caso de um ataque de zumbis, se tornasse totalmente imune. Zumbi que é zumbi odeia frescura!!
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Segue uma pequena cronologia dos mortos-vivos para se entender este universo aterrorizante:
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A Noite dos Mortos Vivos (Night of the Living Dead), de 1968. O filme tem grande importância por ter ditado as regras para os zumbis de TODOS os filmes que vieram depois dele. Como os zumbis surgem, a maneira como caminham, como se alimentam de carne humana e a maneira correta de destruí-los.
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Em 1978, George filmou "Madrugada dos Mortos" (Dawn of the Dead), a continuação do clássico, mostrando a destruição da civilização como a conhecemos pelos mortos-vivos.
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A partir deste filme, existem duas seqüências: uma dirigida por Lucio Fulci (grande mestre italiano de filmes trash), intitulada Zumbi 2, filmada em 1979, e a conhecida O Dia dos Mortos (Day of the Dead), filmada em 1985 pelo próprio Romero.
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Ainda em 1985 Dan O´Bannon filmou o sensacional "Retorno dos Mortos Vivos" (The Return of the Living Dead), que apesar de não estar ligado diretamente à franquia, segue os mesmos conceitos estabelecidos por Romero, apenas tentando dar uma explicação para o surgimento dos zumbis. Este filme possui um tom cômico que não está presente nos filmes da linha dos zumbis, mas vale muito a pena justamente por isso.
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Em 1990, uma refilmagem do A Noite dos Mortos Vivos (Night of living dead0, dirigida por Tom Savini, reconta a primeira história com melhores efeitos de maquiagem e enredo um pouco diferente, com um final novo.
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A partir dai o gênero "mortos-vivos" ficou esquecido por algum tempo, não surgindo nenhuma produção relevante que devesse ser destacada. O mérito da revigorada nos filmes de mortos-vivos foi do vídeo game Resident Evil de 1996, um sucesso que gerou continuações, toys, quadrinhos e rendeu o primeiro filme em 2002.
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Nesse mesmo, é lançado um filme que, apesar de não estar diretamente relacionado a mitologia dos zumbis teve uma grande importância para o gênero. Extermínio (28 Days Later, 2002), de Danny Boyle, trouxe pela primeira vez os zumbis velocistas. Ainda que não fossem mortos-vivos, e sim pessoas infectadas por uma "super raíva", (que transformava as vítimas em monstros psicóticos e super ágeis) o filme bebeu explicitamente da fonte criada por George Romero.
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Em 2004, a refilmagem de Madrugada dos Mortos usou também os zumbis velocistas de Danny Boyle para contar a história de um grupo de pessoas que acaba preso em um shopping center. O shopping muito maior e os zumbis vitaminados fazem deste filme um dos melhores de toda a franquia.
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A partir deste filme, foi estabelecido uma nova regra para os filmes de zumbis: Se o zumbi acabou de ser mordido, ele se movimenta com a mesma agilidade que fazia quando vivo; Somente os mais destruídos, enterrados ou carcomidos é que movimentam como os zumbis clássicos.
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Em 2005, o criador do gênero George Romero voltou a ativa com LAND OF THE DEAD. Lamentavelmente seu retorno não agradou tanto os fãs. O seu filme mostrava um caótico futuro onde uma sociedade tenta sobreviver ilhada por uma horda de zumbis inteligentes.
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Algum tempo depois, George Romero anuncia o lançamento de seu novo filme, Diary of Dead para 2007. O filme apresentaria uma linha documentário na primeira pessoa, num estilo Bruxa de Blair.
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Nesse meio tempo, surge [REC] um filme espanhol com o mesmo conceito. E com uma história simples. Uma equipe de
reportagem acompanha uma chamada dos bombeiros e são surpreendidos por um ataque de zumbis. O filme surpreende pela ótima direção repleta de sustos e bons efeitos.
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Apesar do fracasso do Land of the Dead, eu alimentava certa expectativa para Diary of the Dead, no entanto, o novo filme do criador do gênero é uma grande decepção.
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Enquanto isso, devido ao grande sucesso, [Rec] ganhou uma refilmagem americana que deve estrear ainda esse ano nos EUA.
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8 comentários:

Anônimo disse...

Vou relevar o "curtos bracinhos", mas só porque quero saber o nome em português do The Descent, seu cretino... rs...

Ikarow Wax Wings disse...

HAHAHAHAHAH!!

Velho, eu não resisti! Falar de Madrugada dos mortos sem comentar essa história não teria a mesma graça.

O nome em português para Descent é "Abismo do Medo".

Valeu brotha!!

Anônimo disse...

aaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaahahahahahahahahahaHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHA.
Só você mesmo!(vou ignorar a parte do Madrugada dos Mortos

E voltando a realidade depois do Chamado nunca mais tive CORAGEM de assistir a outro filme de terror, meu pobre, rosa e lindo coração tão acostumado a se emocionar profundamente ao ver filmes de romance palpita só em lembrar da sadako e o pior de tudo é que sempre que me levanto na madrugada tem uma cadeira bem na frente do corredor onde nunca deixo de olhar pelo menos duas vezes antes de caminhar até lá e me certificar que possui claridade suficiente pra não esconder aquele mundo de cabelos pretos escorridos. É horrivel nunca mais serei a mesma.

Agora PELO AMOR DE DEUS não faça uma parte 3, pois sempre tenho vontade de assistir quando você fala dos filmes só que me falta coragem e um dia posso assistir a um desses filmes e ter um ataque cardiaco e a unica diferença é que não terei um desfibrilador ao meu lado.

Beijinhos
Erikat

Eliezer disse...

Sei não hein cara... primeiro vc faz um blog e depois diz q morre de medinho de filme de terror rss suspeito rs

Se eu fosse vc nao dava atenção pra esses "amigos" q te incentivaram a criar um blog!!

Ikarow Wax Wings disse...

Valeu Sr. Eliezer,

Seu comentário foi extremamente engrandecedor.. Me sinto totalmente motivado a repartir minha experiência pessoal nesse blog..

São comentários como o seu que me fazem sentir como... Se eu tivesse jogando palavras no lixo. Pérolas aos porcos porque realmente nem todos conseguem alcançar o conhecimento por trás de cada uma dessas parábolas...

Obrigado!

Ps- Para quem não sabe, considero o Sr.Ele-é-Zé o grande culpado pela criação desse blog. Se forem crucificar alguém, que ele seja o primeiro!! rs

Valeu!!

Eliezer disse...

hahaha eu só dei uma idéia... vc q seguiu adiante com ela rs Mas não se preocupe, que quando vc começar a ganhar dinheiro com o blog eu mudo de opinião rs

Anônimo disse...

Cara, muito foda teu post, mas vou te dizer que achei [REC] ruinzão.

James Figueiredo disse...

BWAHAHAAHHAAHAH!
COMO eu não vi isso antes!?
Go, "Bracinhos", Go! Como esquecer aquela sessão de "Madruugada dos Mortos", Eron?...rs
Abraço,
J.

P.S.: Aqui o link do YouTube que eu te falei, do "Justin+The Cure":
http://www.youtube.com/watch?v=qmYDCg5okLw