sexta-feira, 13 de junho de 2008

Raios duplos, beijos triplos!!!

"There's something wrong with the world today,
I don't know what it is…"
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Era isso que dizia o Aerosmith em 93 quando eles lançaram o hit "Living on the Edge". E ainda que eu acredite que eles estivessem vivendo "la vida loca", freqüentando as festas mais bárbaras e consumindo todos os tipos de drogas possíveis e imagináveis, ou seja, que os seus olhos acreditavam já ter visto de tudo, eu afirmo: Eles não tinha idéia de como a coisa ainda podia enlouquecer (afinal, o gostoso da vida não é justamente o fato de que nada está tão ruim que não possa piorar??).
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É sério! A loucura que antes estava contida em espaços alternativos e eventualmente no meio artístico aonde rolavam eventos performáticos típicos de festas greco-romanas, agora invade qualquer birosca num raio de 100 metros de sua casa. Eu digo isso pelos acontecimentos das últimas 2 semanas, quando tive oportunidade de estar em três eventos diferentes.
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Sexta-feira, 23:45 (letrinhas no esquerdo da tela, em fonte branca, digitadas no estilo "Arquivo X"). Já falei aqui sobre os pubs, não? Bem, esse em especial, fica mais afastado da cidade e tem como tema o "rock alternativo" ou "Indie" (Strokes, Interpol, Bloc Party, Postal Service, etc.). Geralmente, espaços com esse tema são, por princípio, inferninhos. Tem a ver com o próprio conceito alternativo.
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O espaço "Indie" não é aquele ambiente bonitinho, com luzinhas piscando e uma super decoração modernosa. Ao contrário, é muitas vezes sujo e composto por uma decoração de gosto duvidoso. A pista de dança é praticamente um porão escuro e abafado (Um sucesso entre os Austríacos que poderiam facilmente criar uma família por mais de 24 anos). É perfeito para se convidar aquele seu amigo claustrofóbico e se divertir assistindo-o se debater contra as paredes furiosamente até perder os sentidos. É um ambiente que lembra muito os cenários de filmes... Tipo "Jogos Mortais" ou um dos ringues de porrada marginais que aparecem no filme "clube da luta".
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A galera que freqüenta esse espaço não se mistura. Eles não andam em barzinhos da moda. Não são flagrados em antros de patricinhas e playboys. Se forem vistos nesses ambientes podem até ser expulsos do clubinho (sim, é difícil manter o estilo alternativo). Se você os vê de dia, não vai reconhece-los. É o tipo de lugar onde os meninos, em alguns casos, usam mais lápis no olho que as meninas. As roupas do ambiente também são um outro diferencial da balada pop. Nada de decotes ou tecidos brilhantes. Nesses espaços, periguetes não são bem vindas, nem vistas (até porque, nessas casas não se toca axé, funk ou pagode). Todo mundo vai vestindo a sua melhor produção; Jeans sujo, camiseta surrada e, se você tiver menos de 20 (tarde demais pra mim!), pode arriscar um par de All Stars. A proposta é a casualidade, no melhor sentido da palavra.
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Nessa noite em particular, o tema da festa era no mínimo inusitada: Mulheres "fantasiadas" como prostitutas e homens como cafetões, não pagariam para entrar. A fila da bilheteria do pub já era um espetáculo. Dezenas de meninas, quase todas entre 18 (supostamente) e 26 anos, vestindo meias calças arrastão, generosos decotes e minis (micro) saias que fariam os seus menores cintos corarem de vergonha. Ainda que eu estivesse vestindo minha melhor roupa, ao chegar na bilheteria, o rapaz do guichê quis me oferecer o desconto da entrada, mas ofendido, decidi por pagar!
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Nesse ambiente de música alternativa e luzes vermelhas não é de se estranhar que, com o passar da noite, dado ao elevado nível etílico dos freqüentadores, misturado a balada rock, algumas meninas começassem a dançar mais "animadinhas". Eu não estranhei também quando um grupo em especial, composto por três meninas, sem se importar com o que acontecia a sua volta, começassem a dançar de forma mais "sensual", se esfregando uma nas outras no ritmo da musica. Nem mesmo estranhei quando elas, uma a uma, começaram a se beijar na boca sofregamente. Finalmente, achei muito natural quando elas resolveram realizar um beijo triplo num canto (mais) escuro da pista (Ops! Peraí, babei enquanto digitava!). Línguas e lábios se misturavam aleatóriamente. Mas tudo bem, afinal, ambientes alternativos tem dessas coisas mesmo. Todo mundo acha normal, eu também achei (ainda que eu tenha ficado de boca aberta e me babado todo, por mais de meia hora, enquanto o gelo da minha vodka evaporava e eu assistia o show).
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Sábado 17:30, churrasco de um DJ. A festa acontecia em uma mansão com piscina. O tempo não estava muito bonito. Nublado e meio frio. a) Prenúncio de chuva chegando ou b) O aviso de um péssimo programa? Quando eu e meu amigo descemos do carro percebemos que minha segunda hipótese seria a mais acertada. Sabe aquele velho e saudoso aroma de derrota no ar? Pois bem, estávamos impregnados. Era aquele tipo de festa que você chega e todo mundo se conhece, menos você. Gatas de todos os tipos e estilos se espalhavam pelo gramado em volta da piscina, desfilando com seus óculos escuros, shortinhos colados e vestidinhos curtos. Logo que entramos fomos fuzilados por aqueles olhares de "quem é esse?". Era difícil se aproximar. A única coisa boa era a cerveja e a musica eletrônica (Techno-house) que rolava nas pickups (isso quando não era substituída por um axé, ou pagode, "atendendo a pedidos") Ainda assim, era o melhor da festa.
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O tempo foi passando, escurecendo e junto com a noite, repentinamente se iniciou uma forte chuva. Na verdade, um temporal! Corremos, eu e meu amigo, para baixo de um toldo procurar proteção. É claro, não fomos sozinhos. Todo mundo que estava em volta da piscina também teve a mesma idéia. Foi aquela confusão para tirar as caixas de som da chuva e ligar embaixo do toldo. O que até então estava ruim, agora estava péssimo, molhado e apertado. Foi uma grande aventura tentar se proteger da chuva, evitar as poças de lama no chão e fugir das goteiras do toldo. Meu amigo tentava me animar fazendo gracinhas e, ainda que eu estivesse irritado e molhado, não restava outra alternativa a não ser rir daquela situação patética. Isso (ou foi a Vodka), acabou nos animando mais. Tanto que ele se encorajou e até chegou em umas meninas só para voltar depois de alguns tocos (sobre os tocos, esse vai ser um assunto de outro post). A musica voltou num volume alto e vibrante já que as caixas de som, embaixo do toldo estavan bem próximas de nós.
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Assim, entre a musica eletrônica, o espaço apertadinho e a vodka na cabeça, um grupo de amigas decidiu subir em uma caixa de esgoto (aquelas de concreto com tampa de ferro) e meio que improvisaram um palco. De lá começaram uma performance impressionante. Elas, de vestidinhos flutuantes e insinuantes dançavam (rebolavam) segurando na cintura umas das outras seguindo o ritmo hipnótico do techno-house (enquanto nos seguiamos hipnotizados os ritmos dos quadris). Eventualmente, um rapaz subia e dançava com uma, beijava na boca de outra e descia. E elas cada vez mais juntinhas. Uma outra menina subiu no palco. Agora formavam um trio animadíssimo. E nós de boca escancarada, fingindo naturalidade. Eventualmente, as três acabaram se concentrando nelas mesmas, ignorando o resto da festa, enquanto trocavam beijos libidinosos entre elas. E riam, e dançavam, e beijavam. Mas tudo bem, afinal, ambientes de musica eletrônica tem dessas coisas. Todo mundo acha normal, também achei (Eu de boca aberta ainda, senti minha mandibula estalar!).
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Sexta-feira, 22:00hs. Chegávamos em grupo há uma boate de música caribenha. Usualmente não freqüento esses lugares (sou péssimo nesse tipo de coisa), mas um amigo usou o velho chamado "Equipe, brother", do qual um parceiro não tem como fugir (O chamado "Equipe, brother" será explicado mais tarde - Como em arquivo X, estou deixando os ganchos para os futuros posts).
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Era um ambiente totalmente distinto do estilo Rock-Indie e de música eletrônica. Aqui, um monte de patricinhas, playboys e periguetes circulavam livremente no seu habitat natural e buscavam formas de perpetuar a espécie (principalmente as periguetes). Decotes extravagantes, saltos-altos e calças coladas eram uma alegria para os olhos. Ainda assim, nós nos sentimos meio deslocados. O grupo em que estávamos originalmente se dispersou. Um dos últimos parceiros, um exímio dançarino, parecia um pinto no lixo de tão feliz. Esse, se perdeu no meio da pista de dança. Nunca mais o vimos. Mas não nos deixamos abater. Enquanto houvesse tequila, haveria esperança (a casa oferecia "double-drink"). Depois de alguns "shots" não foi difícil nos sentirmos bem a vontade até mesmo para arriscar alguns passos embalado por música cubana.
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Foi nesse momento que aconteceu. Nas caixas de som, iniciou-se um ritmo caribenho que mais tarde, me informaram se tratar do "Zouk", um estilo de dança que se assemelha à lambada mas que possui um ritmo mais... er.. sensual, por assim dizer. Segundo me disseram, "dançar zouk é fazer sexo na pista" e realmente não estavam brincando. A característica da dança é justamente a intimidade. É dançar tão colado, com as pernas tão entrelaçadas, que é difícil distinguir que se tratam de duas pessoas. Não era difícil perceber que, naquele frenesi que chamam de dança as pernas do parceiro se debatiam contra as partes íntimas da parceira, sem no entanto, causar qualquer tipo de constrangimento. Afinal, é somente uma dança (certo!). A proximidade é tanta que uma ereção repentina poderia catapultar o corpo da parceira para quilômetros de distância. OS bombeiros estavam de plantão. O pior é que as pessoas dançam isso sem preservativo (Ninguém faz uma campanha??).
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De qualquer forma, dado ao menor número de homens dançarinos, as mulheres presentes acabaram formando pares. Sensualíssimas, se esfregavam publicamente e desavergonhadamente uma às outras (A-há! Vocês já imaginam onde eu vou chegar, certo?). Um grupo com cerca de 6 jovens, sendo a maioria mulheres (as quais estávamos secando há algum tempo), dançavam entusiasmadas. Ao final da música, três delas e um rapaz, acho que para fechar com chave de ouro o "gran-finale", decidiram celebrar com um longo e "caliente" beijo QUADRUPLO??.AI CARAMBA! (minha boca aberta precisaria de fisioterapia para voltar a fechar). Mas tudo bem, afinal, ambientes de musica caribenhas tem..- O QUE?? Gente, é musica caribenha, PELAMORDEDEUS!! Vocês estão loucos? Ambiente "Indie" tudo bem, "eletrônico" vá lá.. mas musica caribenha já é sacanagem! Ai não, não dá! Senti as veias do meu pescoço saltarem e tomado por um sentimento primitivo (ou pela tequila), num único salto tentei avançar para cima do povo que se lambia, tendo sido impedido, ainda no ar pelo meu amigo.
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É revoltante! O mundo está perdido! Beijos triplos, quádruplos entre meninas acontecendo na minha frente, a toda hora, em todos os ambientes... E ninguém me convida, pô??? Qualé??!!!
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Mas eu acho que tenho sorte. Se na minha época eu vivenciasse o que essa geração vive, recheados de festas, beijos triplos e o mais variado tipo de atividades exóticas (Eu disse, EXÓTICA!), eu, com certeza eu não teria chegado a idade em que cheguei (Deixem-me acreditar que isso é uma compensação!).
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Para terminar, ontem quando eu reclamava com uma grande amiga minha sobre o tema de beijos triplos, quádruplos e quíntuplos e sobre qual número seria suficiente (o que me fez decidir por escrever esse post), ela respondeu:
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- "Realmente é uma coisa nojenta!"
- "Sério, você acha mesmo?"
-"Com certeza... A boca da gente sempre acaba toda melada!"
...(Suspiro..)
- "Até tú Brutus?"
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Eita povo muderno!

Um comentário:

Vivi disse...

Hahahahahahahahahahahaha!!!!!!!!!